sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quando se contrata um treinador

Tem a sua piada que o português seja tão exigente com o futebol. Se a equipa perde duas vezes de seguida (às vezes basta uma), começam logo a querer despedir o treinador, e a assobiar a equipa. As pessoas querem resultados, e quando não os obtém, os clubes não têm problemas em despedir um treinador e contratar outro, mesmo se a culpa até nem era dele.
Quando no início da época se contrata um treinador, os clubes devem ter presente que mais do que o líder ou o estratego, contrata-se também, simultaneamente, o seu modelo de jogo preferencial.
A partir desse momento, a construção da equipa – e do plantel- deverá ser feita tendo em conta essa referência, de forma a permitir por em prática a sua filosofia de jogo, sistema e táctica. Não faz sentido, um treinador alterar o seu modelo de jogo de equipa para equipa em função dos jogadores. Tal só significaria falta de personalidade táctica e, até incoerência ideológica. Aceitando uma realidade dessas, o treinador, no caso de insucesso, seria condenado sem defender as suas ideias, mas sim por aplicar as dos outros, esses sim os principais responsáveis –dirigentes ou administrações- que, impunes, limitam-se a despedir o treinador, fugir ás suas responsabilidades, e contratar outro técnico, quase sempre com um modelo completamente diferente. Este cenário sucede todas as épocas, em vários clubes e nele está a razão para a maioria dos incussesos de muitas equipas de quem até dizem ter bons jogadores.
A confusão de competências que cruzam os actuais departamentos de futebol – presidente, director desportivo, treinador- impede muitas vezes, sem uma articulação correcta, a construção de uma ideologia comum que respeite os princípios atrás referenciados. No fundo, a ultima palavra deveria pertencer sempre ao treinador, e isso, na maioria das vezes, não acontece. Como é possível então julgá-lo depois pelos resultados se ele não teve condições para por em pratica o seu modelo? Ou seja, é condenado pelas ideias dos outros. Muitas vezes, porém, mesmo com sintonia de ideias desde o primeiro dia, não é possível encontrar todas as condições –entenda-se jogadores- para colocar em prática esse modelo de jogo. Nesses casos, o treinador terá de procurar novos equilíbrios, capaz de conciliar as suas ideias com as limitações presentes.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nos últimos anos tem surgido nestes arredores imensos "treinadores" que que não á muito pouco tempo afinarão tamborins e enrolavam cigarros hoje são "treinadores" de "formação" a vida é mesmo assim!

Alma da Gente disse...

é um mundo estranho não é? aqueles que têm a formação para formar ou ficam de fora ou então têm que ter grandes padrinhos. a vida é f.....!